Rota Bioceânica: trecho argentino segue como maior entrave no acesso ao Pacífico
- crossbbrasil
- 19 de set.
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Trecho argentino da Rota Bioceânica, com 700 km, concentra gargalos de infraestrutura e alfândega, impactando a integração regional

A Rota Bioceânica promete ligar Brasil, Paraguai, Argentina e Chile até 2026, mas enfrenta atrasos no trecho argentino. Além da logística, a rota cruza o Triângulo do Lítio, reforçando o interesse estratégico do corredor para o comércio e a transição energética mundial.
O projeto da Rota Bioceânica, que prevê ligar os estados do Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil aos portos do norte do Chile, é vista como um dos corredores logísticos mais estratégicos da América do Sul. Com previsão de início de operação em 2026, a iniciativa busca reduzir custos de transporte, encurtar distâncias comerciais e a
Apesar dos avanços em trechos do Brasil e do Paraguai, o segmento argentino da rota — aproximadamente 700 quilômetros — permanece como o principal desafio. Essa parte do corredor enfrenta problemas relacionados à pavimentação incompleta, deficiências de infraestrutura e entraves alfandegários que elevam os custos e os tempos de trânsito. Autoridades e especialistas apontam que a superação desses gargalos será determinante para o sucesso do projeto.

O traçado conecta o Porto de Santos (Brasil) a Campo Grande, atravessa o Paraguai pela região de Carmelo Peralta e Mariscal Estigarribia, cruza a Argentina pelas províncias de Salta e Jujuy e segue até os portos de Antofagasta e Iquique, no Chile. Essa ligação encurta em até 8 mil quilômetros o trajeto de mercadorias destinadas à Ásia quando comparado à tradicional saída pelo Atlântico.
Mais do que uma obra de integração logística, a rota se sobrepõe a uma região de grande relevância geoeconômica: o Triângulo do Lítio, formado por Argentina, Bolívia e Chile. Essa área concentra cerca de 60% das reservas mundiais conhecidas do mineral, considerado estratégico para a transição energética e a fabricação de baterias.
Ao atravessar o norte argentino e se aproximar do altiplano, o corredor não apenas facilita o escoamento da produção agrícola e industrial do Brasil e Paraguai, mas também se conecta a um dos territórios mais disputados pela indústria global de tecnologia e energia limpa.
Analistas apontam que a integração do percurso com cadeias de valor ligadas ao lítio pode transformar o corredor em um eixo logístico ainda mais relevante. A proximidade com centros de extração no norte argentino e chileno abre a possibilidade de ampliação do fluxo comercial não apenas para commodities tradicionais, mas também para insumos ligados à economia verde.
No Brasil, os trabalhos de adequação rodoviária avançam em estados como Mato Grosso do Sul, enquanto o Paraguai segue com investimentos em estradas de integração. No Chile, os portos de Antofagasta e Iquique já se apresentam como pontos preparados para receber maiores volumes de carga.
Na Argentina, entretanto, os desafios permanecem no centro da agenda. O país tem buscado recursos internacionais e parcerias regionais para acelerar as obras, mas a instabilidade econômica dificulta a execução em ritmo compatível com os prazos anunciados.
Se por um lado os gargalos no trecho argentino trazem incertezas, por outro o potencial estratégico do corredor continua a mobilizar governos e setor privado. A Rota Bioceânica é vista não apenas como alternativa logística, mas como elo capaz de fortalecer a integração sul-americana e ampliar a inserção da região em cadeias globais de valor, agora também vinculadas à transição energética e ao aproveitamento das riquezas minerais do Triângulo do Lítio.
COM INFORMAÇÕES DE: CNN Money (POR CAIO JUNQUEIRA) - AGÊNCIA GOV - LA NACIÓN - MINING - SCIELO





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