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Maré contra: reset comercial e geopolítica freiam contêineres

  • crossbbrasil
  • 26 de set.
  • 2 min de leitura

A reconfiguração das rotas de comércio e tensões políticas freiam o crescimento global do transporte de contêineres.


DISRUPTURA LOGÍSTICA ABALA MERCADO DE CONTÊINERES
DISRUPTURA LOGÍSTICA ABALA MERCADO DE CONTÊINERES

As inovações geopolíticas transformam cadeias logísticas: tarifas, conflitos regionais e desvios em rotas marítimas empurram para baixo o crescimento do tráfego de contêineres – segmento vital do comércio mundial.

O segmento de transporte marítimo por contêineres, frequentemente visto como termômetro do comércio global, vive hoje uma encruzilhada marcada por tensões geopolíticas, políticas protecionistas e redesenhos logísticos. Segundo relatório recente da UNCTAD, o crescimento do comércio marítimo para 2025 foi revisto para apenas 0,5 %, enquanto o segmento de contêineres deveria crescer em torno de 1,4 % — patamar modesto frente às expectativas anteriores.Três vetores principais tensionam o setor. Primeiro: o endurecimento tarifário, especialmente impulsionado por políticas dos EUA, que gera incerteza e desaquecimento da demanda. Segundo: conflitos regionais e interrupções em rotas marítimas estratégicas, como os ataques no Mar Vermelho que forçaram o desvio de navios ao redor do Cabo da Boa Esperança. Terceiro: o fenômeno de reshoring e regionalização do comércio (às vezes chamado de “friendshoring”), com empresas preferindo cadeias mais próximas e menos vulneráveis.


A disruptura logística resultante não se limita ao menor volume de cargas: as rotas passaram a ser mais longas, pressurizando custos operacionais e emissões de carbono. A UNCTAD aponta que o valor de “ton-milhas” (distância percorrida multiplicada por carga transportada) cresceu quase 6 % em 2024 — bem acima do ritmo do crescimento do volume bruto — refletindo rotas estendidas. Ao mesmo tempo, a capacidade de renovação da frota com embarcações mais limpas permanece lenta: ainda há escassez de navios capazes de usar combustíveis alternativos.


Para o setor empresarial é hora de reavaliar previsões rígidas: segundo McKinsey, companhias estão hesitando em fazer investimentos de longo prazo diante da instabilidade tarifária e geopolítica. Executivos da Maersk, uma das gigantes do transporte marítimo, alertam que redes globais de suprimento foram construídas por décadas — remodelá-las abruptamente via tarifas pode levar “décadas” de esforço sustentado. Para países em desenvolvimento, o impacto promete ser mais agudo. O encarecimento logístico e a fragilidade de rotas expõem economias mais dependentes de importações e exportações.


Regiões insulares e estados menores são particularmente vulneráveis às flutuações de rotas e tarifas exacerbadas. Em resposta, alguns atores têm buscado alternativas: adoção de rotas terrestres ou combinações intermodais, relocalização de estoques para proximidade, diversificação de fornecedores e maior renegociação tarifária com portos.


O que está em jogo é mais do que crescimento: é a resiliência das cadeias globais diante de rupturas políticas e estratégicas. O transporte por contêineres, uma arte de precisão logística, agora caminha sobre terreno geopolítico instável — e precisa se adaptar antes que o reset comercial vire retrocesso para o comércio global.


COM INFORMAÇÕES DE: UNCTAD - REUTERS - MCKINSEY - FINANCIAL TIMES - CONTAINER NEWS


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