Europa pode reciclar 11.902 navios e abastecer
- crossbbrasil
- há 7 dias
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| EDIÇÃO 11 - 8 a 14.12.25 |
- Cerca de 11.902 navios europeus poderão chegar ao fim de vida até 2030, reciclagem poderá gerar até 15 milhões de toneladas de sucata por ano.

JOGO RÁPIDO
Cerca de 11.902 navios europeus chegarão ao fim da vida útil até meados dos anos 2030, o que pode gerar anualmente 10 a 15 milhões de toneladas de sucata de aço — equivalente a até 20% da demanda da UE. É o que aponta recente estudo da Shipbreaking Platform, Sandbag e Universidade da Tuscia, localizada em Viterbo, na Itália. Com apenas 1% dos navios sendo reciclados atualmente dentro da Europa, o relatório destaca a necessidade urgente de aumentar a capacidade dos estaleiros certificados, coibir práticas de “re-bandeiramento” e fortalecer a rastreabilidade da sucata. A reciclagem pode transformar um problema ambiental em recurso estratégico, contribuindo para a descarbonização da indústria siderúrgica e promoção da economia circular.
Um novo relatório conjunto da Shipbreaking Platform Sandbag, coalizão internacional de ONGs com sede em Bruxelas, Bélgica e Universidade italiana da Tuscia, projeta que cerca de 11.902 navios de propriedade europeia serão elegíveis para desmonte até a metade dos anos 2030. Com esse volume, a expectativa é que a indústria de reciclagem de navios na Europa atinja uma taxa média de 700 demolições por ano, extraindo entre 10 e 15 milhões de toneladas de sucata de aço por ano — valor que poderia representar até 20% da demanda anual de sucata de aço da União Europeia.
A estimativa baseia-se no envelhecimento da frota marítima europeia. Segundo o estudo, uma parcela significativa dos navios ativos já ultrapassou a marca de dez anos de uso — um indicativo de que muitos deles estarão próximos do final da vida útil nas próximas duas décadas.
Atualmente, porém, a reciclagem de navios na Europa é extremamente reduzida: apenas cerca de 1% das embarcações de bandeira europeia são desmontadas em estaleiros do continente. A maioria dos navios desativados acabam sendo enviados para estaleiros na Ásia, onde custos mais baixos atraem os proprietários. Isso significa que boa parte da sucata gerada por navios europeus não beneficia o mercado local de aço.
Para os autores do relatório, o potencial de recuperação de sucata de alta qualidade — com 70 % a 95 % do peso original da embarcação reaproveitável — representa uma oportunidade estratégica de fortalecer a indústria siderúrgica da UE e reduzir a dependência de matérias-primas virgens ou de importações de sucata de baixa qualidade.
O contexto global da transição para uma economia circular e de baixo carbono torna o tema ainda mais relevante. A reciclagem marítima, quando feita sob padrões rigorosos, consome menos energia e água do que a produção de aço primário, além de evitar emissões associadas à extração de minério. Apesar do potencial, o relatório alerta que a capacidade atual dos estaleiros europeus é insuficiente para absorver todo o volume previsto. Estima-se que apenas uma fração dos navios elegíveis possa ser reciclada dentro da UE, salvo expansão dos estaleiros autorizados.
Entre as questões regulatórias, a prática de “re-bandeiramento”, quando armadores mudam a bandeira do navio para evitar normas mais rigorosas antes do desmanche, continua sendo um obstáculo à reciclagem sustentável. Organizações pedem um reforço da legislação e da fiscalização.
O relatório conclui que, se a Europa investir na ampliação de estaleiros certificados, fortalecer a rastreabilidade da sucata e adotar políticas de incentivo à reciclagem marítima, será possível transformar um descarte problemático em um recurso estratégico de aço reciclado, reduzindo emissões e fortalecendo a economia circular no setor naval e siderúrgico.
LIGAÇÕES EXTERNAS: SHIPBREAKING PLATFORM – SANDBAG – UNIVERSIDADE DA TUSCIA – EUROPEAN COMMISSION – INDUSTRY & STEEL




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