Missão China revela logística, esmagamento e novos negócios para o agronegócio
- crossbbrasil
- 17 de set.
- 3 min de leitura
Empresários brasileiros visitam portos e esmagadoras de soja na China, em missão que abre mercado, revela gargalos logísticos e acerta parcerias estratégicas.

Durante missão oficial à China, produtores, governo e empresários brasileiros conheceram portos especializados, esmagadoras, usinas e terminais. O objetivo: entender o funcionamento da cadeia logística do maior comprador de soja do Brasil, identificar oportunidades de investimento e superar desafios como infraestrutura, armazenamento e transporte.
A missão empresarial brasileira à China tem mostrado de perto como se desenha o gigante comprador do agronegócio nacional: portos de altíssima capacidade, esmagadoras modernas, terminais logísticos automatizados — uma combinação que revela tanto desafios quanto oportunidades para quem produz soja, milho, carnes e demais commodities no Brasil.
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Nos últimos meses, delegações como a da Aprosoja Mato Grosso (MT) realizaram visitas técnicas ao Porto de Rizhao, na província de Shandong — maior centro de importação de soja da China —, com estrutura de cais especializado, dezenas de silos, armazéns e linhas automáticas de carregamento ferroviário.
Outros momentos da missão envolveram visitas a esmagadoras como a Hopefull Grain & Oil Group, uma das grandes traders chinesas, com capacidade para processar milhões de toneladas de soja por ano, gerando óleo, farelo e outros subprodutos
O governo brasileiro também entrou em cena. Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, participou de encontros em Pequim com entidades do agro para reforçar diálogo, abrir mercados e discutir temas críticos como logística, sanidade e regulamentação.
Enquanto isso, o Ministério de Portos e Aeroportos apresentou, durante o Fórum Brasil-China, uma carteira de projetos para concessões portuárias, leilões e infraestrutura As oportunidades identificadas são variadas:
Melhoria de infraestrutura logística: portos mais eficientes, terminais especializados, silos, sistemas de transporte interno e externo (ferrovias, rodovias) que reduzem custos e tempo.
Açúcar e esmagamento local: parcerias com empresas chinesas para exportar soja in natura mas também para aprender modelos de esmagamento e beneficiamento local, agregando valor.
Investimento em sanidade, qualidade e certificações: adequação a padrões exigidos pelo mercado chinês para garantir acesso constante e seguro; traz também aprendizado técnico para o Brasil.
Novos mercados para subprodutos e insumos agrícolas, máquinas, tecnologias de produção sustentável, e oportunidades de financiamento e cooperação em pesquisa.
Os desafios deixados pela missão não são menores:
A limitação de armazéns e silos suficientes para estocar soja em volume nas origens pode causar gargalo; sem estrutura de armazenagem, os ganhos de logística ficam parcialmente perdidos.
O custo de transporte, frete interno, acesso viário/ferroviário até portos eficientes ainda é alto e lento em muitas regiões produtoras.
Barreiras regulatórias, sanidade, exigências fitossanitárias, certificações de origem, padrões de qualidade — tudo isso pesa na concorrência internacional.
A dependência da exportação de grãos in natura coloca o Brasil vulnerável às flutuações de preços externos; agregar valor internamente — por exemplo, no esmagamento ou processamento — exige investimentos e políticas de estímulo claros.
Perspectiva e impacto esperado - Com a realização dessa missão, fortalece-se o posicionamento do Brasil como parceiro estratégico da China no agronegócio. Exportações de soja já têm previsão de crescimento para mais de 4 % em 2025, impulsionadas pela demanda chinesa. Também, novas rotas e investimentos portuários — como concessões e arrendamentos — prometem acelerar o escoamento de produção, reduzir custos logísticos e melhorar a competitividade brasileira.
É justamente nesse ponto que muitos empresários vêm marcando passo: participar ativamente das decisões sobre leilões e concessões, garantir segurança jurídica para investimentos externos e domésticos, focar no incremento tecnológico e manter diálogo constante com o governo para que as políticas públicas acompanhem a demanda de quem planta, transporta, armazena e exporta.
A missão China expõe o espelho para o Brasil ver: do produtor ao exportador, do porto ao esmagador, tudo deve caminhar junto. E há sinais de que esse alinhamento está começando. Se surtir efeito, ele poderá redefinir para melhor o papel do Brasil no comércio global de alimentos e matérias-primas — não apenas como fornecedor, mas também como protagonista de cadeias mais sofisticadas e resilientes.
COM INFORMAÇÕES DE : SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA - COMEX DO BRASIL - APROSOJA - MINISTRO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA - PORTOS E AEROPORTOS - NOTÍCIAS AGRÍCOLAS




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