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EPE propõe oleodutos de R$ 32,6 bi para cortar uso de diesel rodoviário

  • crossbbrasil
  • 17 de set.
  • 3 min de leitura

Com carteira de 9 oleodutos avaliados em R$ 32,6 bi, EPE mira reduzir o peso do transporte rodoviário usando dutos, diminuindo custos e emissões.

DUTOS: MENOR DEPENDÊNCIA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO
DUTOS: MENOR DEPENDÊNCIA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO

O Plano Indicativo de Oleodutos (PIO) 2025, da EPE, apresenta nove projetos que somam R$ 32,6 bi para fortalecer a malha dutoviária no Brasil. A ideia é mitigar gargalos logísticos, evitar o uso crítico de caminhões a diesel, baratear o transporte de combustíveis e aumentar a eficiência ambiental e energética.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, lançou em setembro de 2025 o novo ciclo do seu Plano Indicativo de Oleodutos (PIO 2023-2025), propondo uma carteira de nove empreendimentos dutoviários avaliada em R$ 32,6 bilhões. O objetivo central desse plano é diminuir a dependência do transporte rodoviário de combustíveis líquidos — sobretudo por caminhões a diesel — e enfrentar os desafios logísticos, econômicos e ambientais associados a esse modelo.)]

O documento divulgado pela EPE destaca que o Brasil possui dimensões continentais, refinarias majoritariamente localizadas no litoral e consumidores distribuídos pelo interior. Esses fatores tornam o transporte por dutos uma alternativa com vantagens competitivas frente ao modal rodoviário, principalmente em termos de eficiência energética, menores emissões de poluentes, menor custo operacional e menor vulnerabilidade logística.

Projetos e impactos estimados - A carteira contempla oleodutos para transporte de derivados de petróleo, biocombustíveis e querosene de aviação (QAV), com projetos que se estendem por diferentes regiões do país. Um exemplo citado no PDF do PIO 2025 é o duto de QAV entre Recife e o Aeroporto de Guararapes, estimado em cerca de R$ 538 milhões de investimento e com mais de 40 km de extensão.  Em termos de impacto mais amplo, o plano estima que, se todos os projetos forem implementados até 2040, o volume de óleo diesel evitado no transporte de combustíveis poderá alcançar entre 5,2 bilhões e 7,2 bilhões de litros, o que representaria cerca de 8% a 11% do consumo nacional de diesel em 2024.

Além disso, a iniciativa tem potencial de gerar milhares de empregos durante a fase de construção dos oleodutos. Por exemplo, o projeto que ligaria Paulínia a Campo Grande, incluindo terminais, é estimado em R$ 7,3 bilhões e tem previsão de gerar aproximadamente 27,3 mil empregos diretos. 

Desafios e variáveis críticas - Apesar do apelo, há obstáculos relevantes. A viabilidade econômica de alguns dos dutos é incerta, especialmente para projetos de QAV, que podem enfrentar menor atratividade sem políticas de incentivo ou tarifas reguladas adequadas. Também há condicionantes ambientais e sociais a considerar: traçados de dutos atravessam áreas sensíveis, demandam licenças, compensações, e envolvem diálogo com comunidades locais. Estudos prévios e análises socioambientais já foram incluídos nos ciclos anteriores do PIO e no ciclo vigente. 

Outro ponto é o custo – tanto do capital de instalação (Capex) quanto de operação – e o retorno esperado. Comparações com investimentos recentes ou similares em infraestrutura logística indicam que, embora o transporte dutoviário apresente menores custos por litro transportado em médias e longas distâncias, ele exige desembolsos iniciais bastante elevados. A eficiência depende também do volume transportado, continuidade da demanda, preços regulatórios e políticas públicas estáveis.

Significado estratégico- A proposta da EPE não é apenas técnica ou econômica — ela configura um alerta estratégico sobre o futuro da logística energética e ambiental do Brasil. Com a malha dutoviária existente bastante limitada em comparação a países com território similar, como Índia, México ou China, o documento expõe uma lacuna estrutural que encarece o custo de distribuição de combustíveis, vulnerabiliza o abastecimento em regiões remotas e amplifica emissões derivadas do uso intenso de veículos rodoviários. 

Se bem sucedido, o conjunto de oleodutos proposto pode gerar ganhos diversos: redução de custos do transporte, menor impacto ambiental, segurança no abastecimento, independência logística de rotas rodoviárias sobrecarregadas, diminuição de riscos de acidentes nas estradas e infraestrutura rodoviária mais preservada. Também pode estimular cadeias produtivas locais — especialmente de biocombustíveis — ao facilitar o escoamento seguro e eficiente. 

Perspectivas - Para avançar, será necessário que o PIO seja acompanhado por ações do governo para oferecer segurança regulatória, possíveis subsídios ou incentivos fiscais, licenciamento ambiental simplificado, parcerias público-privadas, e financiamento público ou privado adequado. Também será crítico monitorar os impactos socioambientais de cada duto e assegurar participação comunitária nos processos decisórios.

A concretização dos nove empreendimentos dependerá da sinergia entre EPE, Ministério de Minas e Energia, ANP, empresas públicas e privadas do setor de combustíveis, bem como órgãos ambientais e governos estaduais. O PIO 2025 apresenta-se, portanto, como uma oportunidade de modernização da infraestrutura energética do Brasil, com benefícios de logística, meio ambiente e economia — mas exige compromisso, recursos e coerência institucional para sair do papel.

COM INFORMAÇÕES DE: PETRONOTÍCIAS IBP  - EPE - PODER360


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