Construindo navios verdes… falta combustível para fazê-los navegar
- crossbbrasil
- 16 de set.
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Atualizado: 18 de set.
Navios dual fuel e movidos a metanol, LNG, metanol ou amônia estão sendo encomendados, mas falta oferta global de biocombustíveis seguros. mas alerta: oferta global desses combustíveis verdes permanece muito abaixo da demanda, colocando em risco a utilidade prática dessas embarcações no curto prazo.
O processo de descarbonização da navegação marítima ganha contornos ambiciosos: centenas de navios com motores dual-fuel ou projetados para combustíveis alternativos como metanol, LNG (gás natural liquefeito) e amônia estão sendo encomendados. Essa tendência, destacada pela DNV em seu relatório mais recente da plataforma Alternative Fuels Insights (AFI), reflete que a indústria naval está se preparando para o futuro — mas a matéria-prima para esse futuro ainda não está à altura dos planos.
Segundo dados da DNV, em 2024 foram encomendados 515 navios movidos por combustíveis alternativos (excluindo navios específicos de LNG), o que representa aumento de 38% sobre 2023. Destes, a maioria pertence aos segmentos de navio porta-contêiner e transporte de veículos, que representam ~62% das encomendas. Para muitos shipowners, essa é uma aposta de longo prazo, ainda que dependam de compromissos regulatórios e de infraestrutura.
LNG aparece como combustível preferido na maioria dos casos: cerca de 67% das encomendas dos navios porta-contêiner que aceitam combustíveis alternativos utilizam LNG. Mas há também crescimento em ordens de metanol (166 navios) e amônia (27 navios) em 2024. Ainda assim, esses combustíveis enfrentam barreiras sérias: produção verde limitada, logística de bunkering insuficiente e regulamentos que ainda estão se ajustando.
A DNV alerta que “estamos construindo navios que podem não ter nada para rodar”. Ou seja: mesmo que o casco e o motor sejam preparados para essas fontes limpas, se não houver combustíveis suficientes, essas embarcações ficarão em situação de risco operacional e financeira
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Outro ponto crítico é a infraestrutura portuária. Muitos portos ainda não têm instalações adequadas de bunkering para metanol verde ou amônia, ou LNG em grande escala. Isso significa que mesmo quando os navios estiverem prontos, poderão ter dificuldade para abastecer ao redor do mundo — o que limita rotas, eleva custos e aumenta riscos de atritos regulatórios.
Além disso, há pressão regulatória crescente. Políticas como o Fit for 55 da União Europeia, novas regras de emissões via IMO, e exigências de divulgação de emissões incentivam os proprietários de navios a encomendarem navios compatíveis com combustíveis alternativos. Mas essas políticas também exigem que a oferta acompanhe, caso contrário multas, maior custo de seguro ou exclusões de rotas poderão tornar esses investimentos arriscados.
Há também uma dimensão de capacitação humana: tripulações e operadores precisarão de treinamento específico para manusear combustíveis como amônia ou metanol, que têm perfis de segurança distintos, toxicidades e exigem procedimentos especiais. Sem esse preparo, não adianta ter navios “verdes” se não houver pessoal apto.
O mercado de combustíveis alternativos, portanto, precisa acelerar sua expansão. Investimentos em produção renovável, parcerias industriais, políticas fiscais favoráveis, incentivos para bunkering portuário, tudo isso é essencial para garantir que os navios que hoje são encomendados possam operar plenamente no futuro.
Se essas lacunas não forem preenchidas, há risco de que embarcações sejam entregues com motores preparados, mas fiquem subutilizadas ou operem com combustíveis tradicionais por mais tempo, diluindo os benefícios climáticos esperados.
Para a DNV, o desafio agora é claro: construir navios é apenas metade do caminho. Produzir, distribuir e tornar acessível o combustível limpo é o outro — e não há tempo a perder.
COM INFORMAÇÕES DE : DNV - MARINELOG - BUNKERSPOT - CLEAN SHIPPING INTERNATIONAL - THE LOGISTICS NEWS
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