Estudo da Esalq-USP aponta que o modal rodoviário é responsável por 13,3% do total de perdas nas safras de grãos no Brasil.

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Transporte de grãos gera prejuízo bilionário
Rodovias ruins causam perda de 13% da safra
Caminhões inadequados aumentam o desperdício
Silos preservam as propriedades dos grãos
Brasil é o maior exportador de commodities
Produção de grãos movimenta 37 bilhões de dólares
Suinocultura de precisão usa tecnologia aliada
Fair trade promove comércio justo e sustentável
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de grãos do mundo, mas também é um dos que mais sofrem com as perdas no transporte rodoviário. Segundo uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), cerca de 13,3% de toda a produção nacional de grãos é desperdiçada durante o trajeto entre as fazendas e os portos ou indústrias. Isso representa um prejuízo de aproximadamente US$ 750 milhões por ano para os agricultores.
As principais causas desse cenário são a má conservação das estradas, a falta de veículos adequados, as condições inadequadas de armazenamento e a violência nas rodovias. De acordo com o estudo, as rodovias brasileiras apresentam buracos, irregularidades e falta de pavimentação em muitos trechos, o que provoca o chacoalhar e o deslocamento da carga dentro dos caminhões. Muitas vezes, parte dos grãos é projetada para fora do veículo, mesmo com o uso de lonas de proteção. Além disso, os acidentes envolvendo caminhões carregados de grãos são frequentes e causam grandes perdas.
Outro fator que contribui para o desperdício é o uso de veículos inadequados ou em mau estado de conservação. Segundo a reportagem do Jornal Nacional, somente 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas, o que exige caminhões adaptados ao transporte de cargas pesadas, como os que possuem grade alta ou gameleira. No entanto, muitos caminhoneiros utilizam veículos comuns ou sem manutenção adequada, o que aumenta os riscos de danos à carga.
Além disso, as condições de armazenamento dos grãos também interferem na qualidade e na quantidade da produção. Os grãos são armazenados em silos, que têm a função de conservá-los até serem despejados nos caminhões. No entanto, se os silos não forem limpos e higienizados corretamente, podem favorecer o surgimento de pragas e fungos que deterioram os grãos. Além disso, se os grãos não forem secos e acondicionados adequadamente, podem sofrer alterações na umidade e na temperatura, o que também compromete sua qualidade.
Por fim, a violência nas estradas é outro problema que afeta o transporte de grãos no Brasil. Estudos indicam que o roubo de cargas aumentou 86% entre 2011 e 2020 no país. Os grãos são alvos frequentes dos criminosos, que os revendem no mercado paralelo ou os utilizam como moeda de troca para o tráfico de drogas.
Diante desse cenário, é urgente a necessidade de investimentos em infraestrutura, segurança e tecnologia para melhorar a logística do transporte de grãos no Brasil. Além disso, é importante que os produtores e transportadores adotem medidas preventivas para evitar as perdas, como realizar a manutenção dos veículos, escolher rotas mais seguras e monitorar a carga por meio de rastreadores.
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