A obra, que custou cerca de R$ 15 bilhões, pode reduzir o custo do frete em até 40% dependendo da tonelagem da carga.

Leitura rápida:
Ferrovia Norte-Sul liga cinco regiões do país
Objetivo é dinamizar a logística e escoamento da produção
Projeto começou em 1987 e terminou em 2023
Extensão total é de 4.155 quilômetros de trilhos
Reduz custos de transporte de cargas de longa distância
Integra malhas ferroviárias que dão acesso aos principais portos
Transporta grãos, óleo de soja, álcool, açúcar, entre outros
Não contempla o transporte de passageiros, apenas de cargas
A Ferrovia Norte-Sul, uma das maiores e mais polêmicas obras de logística do Brasil, foi finalizada no fim de maio, após 36 anos de construção. O último trecho da estrada de ferro, entre Palmeiras de Goiás e Goianira, no interior de Goiás, foi concluído sem alarde pelo governo federal.
A via tem 2,2 mil quilômetros de extensão e liga Açailândia, no Maranhão, a Estrela d'Oeste, em São Paulo. Ela corta quatro das cinco regiões do país (Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste) e pode facilitar o escoamento da produção agrícola e industrial.
Segundo Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, a conclusão da Norte-Sul é um "marco histórico" e pode representar uma mudança na concepção sobre logística no país.
Ele afirma que o transporte ferroviário tem vantagens sobre o rodoviário, principalmente em termos de custo e eficiência. "Em percursos acima de 800 quilômetros, o frete em uma ferrovia pode ser entre 30% a 40% mais barato do que o rodoviário. Acima de 1,5 mil quilômetros, estamos falando seguramente de valores superiores a uma economia de 40%", diz.
Resende estima que a Norte-Sul pode reduzir o custo logístico do agronegócio em até R$ 20 bilhões por ano. Ele também destaca que a ferrovia é a primeira inaugurada nos últimos 15 anos no Brasil, que tem uma malha ferroviária reduzida e defasada.
A ferrovia foi concebida em 1986, no governo Sarney, com a proposta de ligar o porto de Itaqui, no Maranhão, ao porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. No entanto, o projeto original foi alterado ao longo dos anos por questões técnicas, políticas e econômicas.
A obra foi marcada por atrasos, denúncias de corrupção e superfaturamento. Em 2019, o governo realizou um leilão para conceder à iniciativa privada a operação do trecho central da ferrovia, entre Porto Nacional (TO) e Estrela d'Oeste (SP). A empresa Rumo venceu a disputa com uma oferta de R$ 2,7 bilhões.
A expectativa é que a ferrovia comece a operar comercialmente ainda neste ano. A Rumo terá que investir cerca de R$ 2,8 bilhões em melhorias na infraestrutura e na compra de locomotivas e vagões.
Ligações Externas:
Abdib, Folha de São Paulo, Metrópoles, Revista Ferroviária
Globo Rural, Conexão, VLI Logística