A empresa brasileira apresentou projetos e fechou acordos importantes, focados em meio ambiente. Ainda assim, investidores se decepcionaram com o desempenho e ações na B3 baixaram 15,25%.

Leitura Rápida:
Brasil participa com delegação da AEB e do Parque Tecnológico de São José dos Campos
A Embraer anunciou que o Lanzhou Group se tornou o primeiro cliente da conversão P2F ( passageiro para cargueiro ) na China
Eve Air Mobility, empresa do grupo Embraer apresentou um mock-up da cabine do seu eVTOL e ofereceu uma experiência de realidade virtual aos visitantes.
A fabricante brasileira anunciou ainda acordo com a britânica GKN Aerospace para apoio mútuo para utilização de uma célula H2 para substituição de combustíveis fósseis utilizados em aeronaves
Todavia, resultados decepcionaram e ações tiveram queda
Airbus fecha maior contrato da história com companhia indiana IndiGo
Macron anuncia plano bilionário para descarbonizar aeronaves
Inovações tecnológicas marcam presença na feira, como drones, táxis voadores e microssatélites
Segurança do espaço aéreo ganha destaque diante de tensões geopolíticas
Rússia fica de fora por causa de sanções após invasão da Ucrânia
China ainda não exibe seu modelo COMAC C919, concorrente do A320neo e do Boeing 737 MAX
A 54ª edição da International Paris Air Show Le Bourget, a maior e mais antiga feira aeroespacial do mundo, foi encerrada no último dia 25 de junho, no Parque de Exposições de Paris Le Bourget, com a presença de 2.500 expositores e 140.000 visitantes profissionais do setor. Foi realizada pela primeira vez em 1909, no Grand Palais, perto dos Champs-Elysées.
Em 1953, o evento mudou-se para o Aeroporto de Paris-Le Bourget, onde acontece até hoje. Reúne fabricantes, militares e clientes de todo o mundo, que apresentam e negociam as últimas novidades e tecnologias do setor. A Paris Air Show é realizada a cada dois anos, nos anos ímpares, alternando com o Farnborough International Airshow e o Show Aéreo de Berlim
A feira deste ano foi inaugurada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, após ter anunciado na sexta-feira (16) um plano de 2,2 € bilhões para apoiar o desenvolvimento de tecnologias e reduzir a pegada de carbono das aeronaves. O pacote inclui o incentivo à produção e ao uso de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF), que podem diminuir as emissões de CO₂ em até 80%. Macron defendeu um modelo econômico e social baseado na "inovação", na "estratégia industrial" e no "bom senso", para alcançar uma "sobriedade" ecológica "razoável", "transparente" e "não punitiva".
Participação do Brasil - O Brasil esteve presente com uma delegação da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Parque Tecnológico São José dos Campos, que integram o projeto setorial Aerospace Brazil. A iniciativa busca promover a indústria aeroespacial brasileira no mercado internacional e divulgar as oportunidades de negócios no país, como o Espaçoporto de Alcântara. A AEB recebeu a visita do Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, acompanhado do Alto-Comando da FAB.
A Embraer também participou ativamente do evento. Mostramos aqui alguns dos acordos a reação do mercado em relação aos resultados obtidos.
Acordo para conversão de aeronaves - A Embraer anunciou em seu site que assinou durante uma “Carta de Acordo (LoA) com o Lanzhou AviationIndustryDevelopmentGroup para a conversão de 20 E-Jets para cargueiros. A partir do acordo assinado no Paris Air Show, a companhia brasileira e o Grupo Lanzhou irão cooperar no estabelecimento da capacidade de conversão do E190F e E195F em Lanzhou, na China, acelerando a introdução da primeira geração de cargueiros E-Jet no mercado chinês.

A cooperação será um ponto de partida para ambas as empresas alavancarem seus pontos fortes, promoverem juntos o desenvolvimento da indústria de transporte aéreo de Lanzhou e acompanhar a economia na região do aeroporto. Com a assinatura do acordo, o Lanzhou Group se torna o primeiro cliente chinês da conversão passageiro para cargueiro (P₂F).
Energia limpa - Outro acordo anunciado pela companhia brasileira foi assinado com a GKN Aerospace, empresa britânica que fornece soluções integradas para o setor aeroespacial e colabora com avançados estudos sobre hidrogênio verde (h2) na Holanda, Suécia e Reino Unido. Juntas, vão utilizar seus conhecimentos e recursos para apoiar ativamente o desenvolvimento da inovadora tecnologia de célula de h2, bem como otimizar a integração de sistemas em plataforma aeronáutica, um dispositivo que converte a energia química do gás em eletricidade, gerando apenas água como subproduto. Essa tecnologia pode substituir os motores convencionais movidos a combustíveis fósseis, responsáveis por grande parte das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

Já a Eve Air Mobility, empresa especializada em veículos aéreos elétricos e soluções de mobilidade sustentável, nasceu de um projeto dentro da Embraer-X, uma aceleradora de mercado dentro da própria Embraer, apresentou um mock-up da cabine do seu eVTOL e ofereceu uma experiência de realidade virtual aos visitantes. A Eve também anunciou que tem a maior carteira de pedidos do setor (2.770 unidades) para o seu eVTOL e que está avançando no desenvolvimento do seu software de gerenciamento de tráfego aéreo urbano (Urban ATM).
Decepção dos investidores - Esperava-se com otimismo a participação da Embraer no evento. Segundo o site InfoMoney, “o JP Morgan chegou a recomendar que investidores aumentassem suas posições em ações da companhia, destacando que as ações contam com uma valorização média histórica de 3% na semana do evento e já chegaram a subir até 30% nos 30 dias após o evento”.
Mesmo com as vendas batendo a casa de 1 bilhão de dólares, ao que tudo indica, o mercado não considerou um grande desempenho. Se na edição de 2019, na mesma feira, a empresa joseense fechou 74 pedidos e 28 na de Farnborough em 2021 o queda - que até pode ser debitada na conta da pandemia de Covid 19 - este o ano o número ficou aquém dos 20. Já no terceiro dia, tanto o próprio JP Morgan quanto a XP consideraram o início como "lento". Resumindo: entre 16 e 25 de junho as ações sofreram baixa 15,25%.
Não se deve esquecer, todavia, que a empresa tem perfil sólido e que qualidade de ser a terceira maior fabricante de aviões do mundo. Segundo ela própria avalia, a demanda por seus jatos regionais está se recuperando com a retomada das viagens aéreas em vários mercados. Ela prevê entregar entre 65 e 70 unidades de sua família E-Jet neste ano, um crescimento de cerca de 15% em relação às 57 entregas realizadas em 2022. Além disso, a empresa afirmou que sua carteira de pedidos firmes voltou ao patamar anterior à crise sanitária e cuja meta é alcançar 100 entregas comerciais por ano até 2026.
Outros destaques - Acordo fechado entre o fabricante europeu Airbus e a companhia aérea indiana de baixo custo IndiGo, prevê o fornecimento de 500 aeronaves A320neo, o modelo mais vendido da empresa. O contrato, avaliado em US$ 55 bilhões, é o maior da história da aviação civil com entregas previstas entre 2030 e 2035. A IndiGo é a líder do mercado indiano, que está em plena expansão e deve se tornar o terceiro maior do mundo em 2024.
Entre as inovações mais procuradas estavam os drones de todos os tamanhos, os táxis voadores, os microssatélites, os dirigíveis e os pequenos aviões elétricos Uma preocupação que permeou a feira foi a segurança do espaço aéreo que ganhou destaque diante das tensões geopolíticas que envolvem países como Rússia, China e Estados Unidos. A Rússia, aliás, ficou de fora da feira devido às sanções impostas após a invasão da Ucrânia em 2014. A China, por sua vez, ainda não exibe seu modelo COMAC C919, que pretende competir com o A320neo e o Boeing 737 MAX, os aviões de média distância mais utilizados no planeta.
Ligações Externas
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